Volta ao normal

terça-feira, 24 de março de 2009

Antes de mais nada….

O parceiro Arthur - é, por mais que vocês não acreditem, o cara é gente fina. Apesar do péssimo gosto para a escolha de times - comentou em seu post sobre a partida de ontem que nunca viu tanta bizarrice junta.

Tenho que discordar do amigo.

Ver o Vasco jogar melhor o Flamengo não é bizarro. É algo normalíssimo.

Ver o Maracanã dividido num Vasco X Urubulândia é algo muito normal.

Ver o Vasco vencer uma partida com todo mérito, apesar da - aí sim, bizarra - atuação do juiz, também é algo normal.

Ver o Vasco com a melhor campanha no Estadual e com um time que merece respeito dos “favoritos” ao título é algo mais que normal.

O que não ERA normal era ver o Vasco com times horrorosos, ou, pior ainda, com times que não jogavam com a vontade que a nossa instituição merece, não honrando a cruz de malta que carregavam em seus peitos. O que não era normal era ver a torcida vascaína deixando de ir ao Maracanã e reclamando de jogar no palco de várias das nossas maiores conquistas. Bizarro foi o tempo em que o Vasco esqueceu que era o Vasco.

E o melhor de tudo isso é que, apesar das sacanagens que o Arthur escreve no Mulamblog, ele sabe MUITO BEM, que isso tudo que eu disse é a mais pura verdade.

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Mas sobre a vitória do Vasco por 2 x 0 sobre a Mulambada

Foi importante por vários motivos. Por praticamente nos garantir a vaga para as semifinais da Taça Rio, por nos manter líderes do nosso grupo (e já tendo jogado os dois clássicos), por manter nossos 100% de aproveitamento no segundo turno, por dar moral ao time, à comissão técnica e à torcida. Seguimos mais firmes que nunca na busca pela conquista da Taça Rio.

Fora isso, o jogo não foi essa maravilha toda. O Vasco foi muito mais transpiração que inspiração e fez uma apresentação pior que a que fez contra o Botafogo por exemplo. O time estava mais nervoso que o normal, a zaga bateu cabeça mais do que o esperado e mesmo a recomposição do setor defensivo, um dos pontos fortes do time, falhou várias vezes. No primeiro tempo tivemos um jogador a mais por uns 15 minutos e foi justamente nessa hora que o time jogou pior: subia ao ataque atabalhoadamente, não voltava com velocidade e por duas vezes quase levamos gols de contra-ataque mesmo estando em vantagem numérica. A incompetência mulamba nos ajudou nesses dois lances em que poderíamos ter posto o jogo todo a perder.

Dorival Jr. deve ter dado uma bela bronca no time durante o intervalo. O time voltou para o segundo tempo mais ligado e melhor posicionado em campo. E depois que o Luiz Antônio “índio-quer-apito“ Silva dos Santos expulsou o Leo Moura (o único cartão vermelho justo da partida, a meu ver), o Vasco não repetiu os erros da primeira etapa e soube aproveitar seu jogador a mais em campo. Em 5 minutos acabamos com a partida marcando dois gols: um do Elton, depois de confusão na área e outro de Jéferson, depois de jogada de craque de Fernando e um passe milimétrico do Pimpão.

Depois disso o jogo voltou a ficar tenso, muito por conta da desastrada atuação do Índio. A chuva de amarelos continuou e mais dois jogadores foram expulsos, ambos do Vasco. A framengada ainda perdeu dois gols e o Vasco um, clárissimo, com Nilton. Sem novas alterações no placar, o Vasco terminou como vencedor da partida, com a torcida vascaína ovacionando o time e seu treinador.

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Apesar da vitória sobre nosso maior rival, o protagonista do clássico não foi um jogador vascaíno e sim o juiz da partida. 12 cartões amarelos, 5 expulsões, interpretações canhestras em vários lances…Se o Índio quer apito pra fazer esse tipo de lambança, é melhor ele apitar partidas no Aterro.

Das 5 expulsões, só a do Leo Moura e seu carrinho criminoso por trás em Ramon me pareceu justa. As restantes, todas acontecidas por conta de segundos cartões amarelos, foram rigorosas demais. E o pior foi a falta total de critério. Exemplos? Juan deu uma solada brutal no Ramon e não foi nem advertido com um amarelo. E o Bruno deu uma entrada no Edu Pina passível de um belo gancho e sequer falta o juizinho mequetrefe marcou.

Luiz Antônio Silva dos Santos não foi o responsável pelo resultado da partida. Mas não influenciar o placar do jogo não torna sua atuação menos horrorosa.

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Graças a falta de forma para os pés mulambos, o Tiago não teve muito trabalho. Quando foi exigido, fez uma bela defesa depois de um chute forte do meio da rua. Fernando e Titi, apesar de jogarem com a seriedade de sempre, pareceram um pouco mais afobados que o normal ontem. Os moles que a zaga deu ontem me pareceram mais coletivas que individuais, principalmente no meio do primeiro tempo e nos 20 minutos finais da partida. Vale citar a esculachada que o Fernando deu quando passou como quis por dois oponentes e iniciou a jogada do segundo gol. Titi, que mostrou mais uma vez seriedade e vem surpreendendo muita gente, foi expulso no fim da partida, depois de cometer uma obstrução. Repito: depois de uma obstrução!

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Nossos laterais foram muito bem ontem. Pela disposição que demonstrou ontem, Ramon parecia ser vascaíno de berço. Além da vibração que contagiou a torcida, Ramon criou algumas boas jogadas e foi bem também na defesa, marcando com vontade e impedindo um gol feito no primeiro tempo. Foi um dos expulsos do jogo, depois de ter feito duas faltas que não mereciam amarelo.

Paulo Sérgio teve um começo de jogo mais discreto, tendo mais funções defensivas. Foi bem nesse papel até a expulsão do Ramon, quando começou a ser mais acionado ofensivamente. Com menos jogadores em campo, teve mais espaço para apoiar e criou boas jogadas pela direita.

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Amaral se limitou a marcar e não apareceu muito. Como mérito, o fato de não ter feito muitas faltas e não ter levado cartão numa partida em que quase todo mundo saiu com um amarelo de campo. Nilton marcou Leo Moura impiedosamente enquanto este estava em campo. Depois da expulsão dele, teve mais espaço para chegar a frente, mas pecou nas finalizações - perdeu um gol feito no fim do jogo. Sua “bomba santa” também não foi das mais eficientes, mas foi depois de uma cobrança de falta errada do Nilton que abrimos o placar.

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Carlos Alberto entrou com fome de bola e tinha tudo um dos destaques do jogo. Mas acabou sendo expulso por não ter ouvido de tuberculoso e não ouvir o apito do juiz no meio de um Maraca com mais de 70 mil presentes. Com isso, coube ao Jeferson a armação do time. Um pouco mais adiantado, ele até se saiu um pouco do que o costume. Mas mesmo que ele não tivesse ido nada bem, só a finalização perfeita no lance do segundo gol já teria justificado sua presença em campo. O toque sutil e indefensável para as redes foi feito com precisão de goleador. Saiu para a entrada do Edu Pina, para recompor a lateral esquerda do time. O garoto Edu não consegue se firmar e sua atuação ontem não o ajudou a mudar esse cenário. Só apareceu mesmo quando foi agredido - não dá pra chamar de outra coisa - pelo Bruno no meio de campo.

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Alex Teixeira foi novamente abaixo da crítica. O garoto até parece se esforçar, mas não consegue produzir nada. Já o caso do Dorival avaliar se mantê-lo como titular não é queimar seu filme. Ainda mais depois da entrada do Pimpão, que novamente se mostrou uma bela arma secreta. Como no jogo contra o Canil, Pimpão entrou no segundo tempo e se mostrou um eficiente garçom. Puxando contra-ataques com velocidade e acertando belos passes, colocou duas vezes nossos homens na cara do gol: na primeira, Jeferson não perdoou; na segunda, Nilton desperdiçou a chance de marcar o tão esperado gol no Maracanã.

Elton não é um jogador dos mais habilidosos, mas já provou que é matador e que não treme diante de grandes torcidas. No primeiro tempo perdeu uma chance claríssima de gol, depois de bela jogada individual. Compensou no segundo tempo abrindo o placar em um lance de oportunismo. Até pelo retrospecto (três gols em dois clássicos), prova a cada dia que merece a titularidade e o apoio da torcida. Saiu cansado para a entrada do Léo Lima que conseguiu ser ainda mais peladeiro que no jogo contra o Botafogo. Teve pouco tempo para aparecer e quando o fez, foi para matar um contra-ataque pela demora em tocar a bola e ainda quase nos fez levar um gol de contra-golpe. Se não baixar a bola e jogar com mais seriedade, vai ser dfícil pegar a vaga do Nilton no time e sair do banco.

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Dorival Jr. foi ovacionado pela torcida. Mostrou mais uma vez que tem o time nas mãos, acertando a equipe no segundo tempo e que não é daqueles treinadores amendontrados: fosse mais um dos retranqueiros que passaram pelo clube nos últimos anos, certamente teria desistido de colocar o Pimpão em campo quando o Ramon foi expulso. Provou que sabe o momento de ousar e sua estratégia mais uma vez deu certo.

Mesmo sem o time ter feito uma apresentação de gala, a vitória de ontem serviu para conquistar de vez os vascaínos.

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A torcida também merece ser citada. Ao resolver dar declarações no estilo do nosso ex-presidente, o  Sr. Milk acabou motivando a galera vascaína que compareceu em peso ao Maraca.  Se a Mulambada veio com um pouco mais de torcedores foi por conta das cadeiras azuis (sabem como é, né? Ingressos mais baratos). Mas nas arquibancadas, a nossa torcida era maior e a festa feita pela massa cruzmaltina, absolutamente maior.

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Parece que o time que tem um elenco “assustador” e que tomaria gols até de um cone está fazendo muita gente ter indigestão. Engolir as próprias palavras pode fazer mal às tripas.

O tal “cone” até agora não apareceu. E se o Vasco assusta, deve ser pq foi o único dos grandes do Rio que jogou contra todos os “favoritos” e não perdeu para nenhum. Golear o campeão da Guanabara e contra os dois “favoritos ao título” ter uma vitória e um empate sem gols (tendo um jogador a menos durante um tempo inteiro) é de assustar mesmo.

Mas o Vasco já provou o seguinte: não precisamos do medo de ninguém. Só podemos exigir respeito.

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