Presidentes de Vasco e Botafogo: diplomacia em meio à rivalidade

sábado, 11 de abril de 2009

Roberto Dinamite e Maurício Assumpção trocam perguntas e satisfazem curiosidades antes do clássico deste sábado, pela semifinal da Taça Rio

Editoria de Arte/GLOBOESPORTE.COM

Dinamite e Assumpção: admiração mútua

Os dias que antecederam ao Fla-Flu foram de troca de provocações entre o presidente tricolor e cartolas rubro-negros. Representantes de uma nova geração de dirigentes, Roberto Dinamite e Maurício Assumpção, presidentes de Vasco e Botafogo, respectivamente, deram exemplo da diplomacia que é um ideal dentro e fora dos estádios. No dia em que as duas equipes disputam uma vaga na final da Taça Rio, eles puderam, por intermédio do GLOBOESPORTE.COM, fazer perguntas um ao outro e falar sobre momentos marcantes do confronto.

Com passados distintos mas o mesmo amor pelo clube de coração, o ex-jogador e deputado estadual Roberto Dinamite e o dentista e professor Maurício Assumpção mostraram, nesta conversa, basicamente as mesmas curiosidades sobre o trabalho que é administrar as instituições.

MAURÍCIO ASSUMPÇÃO PERGUNTA A ROBERTO DINAMITE


M: Como é tornar-se presidente do clube do qual é o maior ídolo?

R: Acho muito legal. É um trabalho que você fez como atleta que é completamente diferente do que vai fazer como dirigente. É completamente diferente. Para mim é um desafio. Ao mesmo tempo em que é o presidente, as pessoas te enxergam como ídolo. Está sendo gratificante e muito difícil. Mas eu vejo uma luz no fim do túnel que vai atender a todos os anseios dos torcedores, que querem ver uma pessoa vitoriosa dentro de campo se saindo bem como presidente.

M: A experiência como deputado contribui de alguma forma na sua administração?

R: Contribui a partir do momento em que estou dentro de um grupo, que pensa apenas em ajudar o clube. O regime é presidencialista, mas é preciso trabalhar em grupo. Ninguém faz nada sozinho. Essa é a experiência que eu tenho da política. Você precisa ter metas, mas depende de um jogo de alianças e precisa ter o maior número de pessoas ao seu lado.

M: Como ex-jogador, é difícil não interferir diretamente nas questões do departamento de futebol?

R: Em 2009 tem sido bem mais tranquilo do que no ano passado. No futebol, conseguimos reunir um excelente grupo de profissionais. Não tenho interferência nenhuma no futebol, na escolha de jogadores, do treinador. A gente cobra por um bom trabalho, o que é normal e está sendo feito. As coisas que acontecem no futebol, o Rodrigo Caetano (executivo do futebol) nos transmite e tudo é resolvido em equipe. O trabalho é em conjunto. Temos um executivo competente, um treinador competente. A função do presidente é integrar essas pessoas, colocando a vaidade de lado. O segredo é trabalhar junto e com humildade.


M: Qual a lembrança mais marcante que você tem do clássico que será disputado neste sábado?

R: O que mais me marcou nesse clássico é aquela partida histórica de 1976. Fiz dois gols e conseguimos uma vitória de virada. Fiz um gol aos 39 e o outro aos 44. Foi a partida daquele lençol no Osmar. O que valorizou aquele gol foi que ele ocorreu contra o Botafogo. E foi um gol em cima de um dos melhores zagueiros da época. Tivemos grandes zagueiros com nível de seleção, mas o Osmar foi o precursor do tipo de zagueiro que não precisava apenas dar chutão. Ele já era uma referência em 76.


M: Qual a estratégia para montar um time tão competitivo em pouco tempo?

R: O segredo é uma parceria sólida, que se faz necessária hoje em dia, e o conhecimento da comissão técnica. O Vasco tem um parceiro, e um treinador que conhece jogadores das Séries A, B e C. O time do Vasco foi formado para disputar uma competição que é a mais importante da temporada e a mais difícil. O importante é que foi formado um grupo diferenciado, que já está imbuído desse pensamento. Os resultados estão aparecendo agora, e eu espero que continue assim até o fim do ano. O segredo é trabalho, disciplina e a reunião de pessoas que estão com o espírito de querer vencer. Muitos atletas que estão no nosso time não tinham muitas chances de ter uma sequência em seus antigos clubes. Agora, eles estão valorizados, com um novo valor no mercado. Espero que os frutos já sejam colhidos agora e no fim do ano, com o retorno do clube à Série A.


ROBERTO DINAMITE PERGUNTA A MAURÍCIO ASSUMPÇÃO

R: Qual foi a receita para levar o Botafogo a diminuir a folha e conseguir cumprir as suas obrigações, mantendo os salários em dia?

M: Acho que não existe receita. O que foi feito para o Botafogo também pode servir a outros clubes. No nosso caso, o principal foi ter um departamento financeiro e um administrativo capazes de reduzir despesas em 40%. Este foi o nosso maior mérito, pois assim, automaticamente se cria receitas. O departamento de futebol e o setor jurídico também tiveram a competência de reduzirem a folha de pagamento dos jogadores em mais da metade, em relação à última temporada.


R: Como conseguiu formar uma boa equipe dentro da realidade do clube?

M: O primeiro passo foi a renovação com o técnico Ney Franco, fundamental na montagem do elenco. Além disso, os diretores do nosso departamento de futebol conseguiram achar no mercado jogadores que formaram um grupo competitivo e ao mesmo dentro do que estabelecemos para a folha de pagamento.


R: Como você projeta o Botafogo daqui a dois, três anos?

M: A diretoria sabe que 2009 é o ano mais difícil do triênio, pois o Botafogo tem várias receitas comprometidas. Depois, com novas receitas e com o Engenhão funcionando de uma forma melhor, a certeza é de que o clube vai crescer ainda mais. A nossa política de reestruturação das categorias de base também já começa a gerar atletas, o que até então não acontecia.

R: De que forma você se comporta num momento de decisão? Age naturalmente, fica agitado?

M: Como não tenho a sua experiência de atleta, meu sofrimento é muito maior. Como todo torcedor, fico apreensivo e nada calmo. Antes de ser presidente, gritava muito, ficava descontrolado. Hoje estou mais comedido, porque vivo o dia-a-dia do clube e sei o que se passa internamente, mas a ansiedade e o nervosismo são os mesmos.


R: Qual é o momento marcante de sua vida neste clássico?

M: O bicampeonato carioca, em 1990 foi importante, mas para mim, a final do Campeonato Carioca de 1997 ficou marcada. Eu estava na arquibancada e comemorei muito. Também vi o Edmundo dando aquela rebolada e, em seguida, o Gonçalves e os demais jogadores deram o troco.

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